Lançado no início deste mês nos Estados Unidos, o filme Mulher-Elétrica e Garota Dínamo (2016), resgata do limbo do esquecimento as heroínas que só quem tem mais de 40 anos deve se recordar – e, ainda assim, com relativo esforço. A dupla estrelou uma série de TV em 1976, estrelada por Deidre Hall (Mulher-Elétrica) e Judy Strangis (Garota Dínamo) e produzida pela Sid & Marty Krofft’s (a mesma empresa responsável pelo clássico – e também esquecido – seriado infantil A Flauta Mágica).
Uma óbvia paródia de Batman e Robin, Mulher-Elétrica e Garota Dínamo eram duas repórteres (Lori e Judy, respectivamente) que se transformavam em super-heroínas para combater o crime. Assim como sua fonte de inspiração, a dupla tinha seu Electramóvel, uma ElectraBase e sua principal engenhoca, o ElectraCom, um bracelete com várias funções, entre as quais lançar raios de energia, permitir as heroínas levitarem, troca de roupa instantânea e comunicar-se por videoconferência com seu parceiro Frank Heflin (Norman Alden), que ficava na ElectaBase dando-lhes apoio estratégico.
A série teve 16 episódios de 15 minutos cada um e apelava para o humor e o escracho, mostrando situações absurdas e inimigos bizarros, que colocavam as heroínas em situações de perigo que terminavam sempre com o gancho “Conseguirão nossas heroínas escapar da armadilha da terrível vilã?”. Claro que, no segundo capítulo, elas sempre escapavam. O baixo orçamento também ajudava na pobreza de recursos, mas tudo era proposital, pois a série era voltada para crianças e não tinha qualquer pretensão em ser uma diversão intelectualizada. Eram tempos inocentes.
A nova versão segue a mesma premissa e ironiza o universo dos super-heróis além de ser uma paródia de si mesmo. A trama se passa em nossos dias, onde as redes sociais dominam a comunicação e os super-heróis se mantêm na mídia cedendo sua imagem para patrocinar produtos. Nesse cenário, a Mulher-Elétrica (Grace Helbig) e a Garota Dínamo (Hannah Hart) são heroínas fracassadas porque não se renderam a esse esquema. Isso muda no dia em que a dupla impede um assalto e o vídeo vai parar na Internet. Com milhões de visualizações, elas são contatadas por um empresário e ganham uma atualizada no visual para se tornarem popstars.
A situação se agrava quando surge a Imperatriz do Mal, uma vilã superpoderosa, que é a única após a histórica Guerra das Sombras, um evento que uniu todos os heróis numa batalha épica contra todos os supervilões, culminando no derrota e no desaparecimento destes últimos. Para combatê-la, as heroínas contam com a ajuda de Frank Heflin (agora interpretado por Christopher Coutts), um gênio nerd sempre entediado.
O filme tem boas tiradas e momentos divertidos, com uma série de clichês – propositais, claro! – de filmes de super-heróis. Um bom exemplo é o arrogante Major Vanglória e seu parceiro, Asa Alado, um sidekick insignificante e idiota. Há, inclusive, uma convenção de quadrinhos com sessões de autógrafos dos superseres. É verdade que algumas piadas forçam a barra para serem engraçadas, mas lembrando que tudo é uma enorme brincadeira descompromissada, dá pra se divertir bastante com esse reboot.
O longa também brinca com a metalinguagem, pois inicialmente foi disponibilizado via streaming, em oito websódios de 11 minutos cada, para plataformas como Fullscreen, Google Play e iTunes. Uma boa piada, considerando que as heroínas só voltaram à fama após passarem por um upgrade e aderirem à modernidade da tecnologia. Tomara que não fique apenas na brincadeira e a Mulher-Elétrica e a Garota Dínamo possam, de fato, voltar à mídia como uma série regular, como um contrapeso à sobriedade de personagens como Jessica Jones e do Arqueiro Verde em Arrow. Um pouco de leveza e humor são sempre bem-vindos.
isso é, AAAAA POR QUE?!?!?!