Prosseguimos a série de postagens sobre os crossovers da Marvel e da DC, abordando o segundo encontro dos maiores heróis de cada editora que também foi o segundo cronologicamente falando, visto que saiu alguns meses antes do encontro do Batman com o Hulk (falamos sobre ele aqui). Super-Homem e Homem-Aranha saiu na revista Marvel Treasury Edition 28 (janeiro de 1981), exatos cinco anos após o primeiro encontro dos dois heróis.

Desta vez trabalhando juntos!

Desta vez, o contexto foi bem diferente do anterior, a começar pelo título, que não tem o “versus”, mas sim o “e”, indicando que os heróis atuaram juntos e não um contra o outro. Mesmo porque, eles já se conheciam, algo que fica bem claro na forma como os dois se relacionam e também num diálogo em que Peter Parker vai é apresentado aos jornalistas do Planeta Diário e afirma que já conhecia Lois Lane. Os vilões da vez eram o Dr. Destino do lado da Marvel e o Parasita pela DC (muito embora o Dr. Destino não seja um dos vilões da galeria do Homem-Aranha, ele é um tirano que ameaça o mundo inteiro e se encaixa bem contra qualquer herói).

Esboço da primeira sugestão de capa, desenhada por John Buscema.

Outra diferença é o teor da história, muito mais sério que a anterior, que teve um clima mais leve e divertido. O roteiro ficou a cargo de Jim Shooter, com a colaboração de Marv Wolfman e arte do gigante John Buscema, além de outros nomes de peso na arte-final: Joe Sinnott, Klaus Janson, Terry Austin, Bob McLeod, Al Milgrom, Steve Leialoha, Walt Simonson, Bob Layton, Joe Rubinstein e Bob Wiacek. Uma equipe para nenhum leitor botar defeito!

O Hulk deu um certo trabalho ao Homem de Aço…

Batizada como “Os Heróis e o Holocausto”, a história se inicia com o Aranha impedindo um assalto a banco, sem saber que, naquele mesmo local, se escondia uma das bases do Dr. Destino em Nova York. O vilão coloca em prática mais um de seus planos de dominar o mundo, utilizando um equipamento sonoro para enfurecer o Incrível Hulk e conduzí-lo a Metrópolis, lar do Superman. O objetivo era forçar o Gigante Verde a bater num ponto específico a fim de, com as ondas de choque do seu poderoso soco, abalasse as estruturas da prisão subterrânea onde o Superman havia encarcerado o Parasita tempos atrás.

… mas só enquanto ele não estava “com preparo”.

A destruição provocada pelo Hulk atrai o Superman, que se envolve numa briga titânica com o Golias Esmeralda. Quem também chega para ajudar é o Homem-Aranha (que foi a Metrópolis a pedido de J. Jonah Jameson para conseguir fotos do Superman), mas ele não tem chance de fazer muita coisa pois, com sua superaudição, o Homem de Aço descobre a cigarra eletrônica que estava enlouquecendo o Hulk e a destrói com sua visão de calor, acalmando o monstro.

Se sentir um mal estar, pode ser o Parasita sugando sua energia…

Porém, o Parasita foi libertado e, após absorver parte da energia do Homem-Aranha de longe, ele vai ao encontro de Destino (como os dois se conheceram, a história não explica, mas como Destino monitora o mundo inteiro e vive fazendo planos de conquista. Isso basta como justificativa!). O Monarca da Latvéria pretende eliminar as fontes de energia fóssil e atômica do planeta a fim de provocar o caos mundial. Com o auxílio do Parasita e sua habilidade de absorver energia, o Dr. Destino alimentaria um reator de fusão em suas bases espalhadas ao redor do mundo, tornando-se o único fornecedor energético da Terra.

Dr. Destino estava equipado com Kryptonita. Por quê? Conveniência do roteiro, claro!

Enquanto arma as peças para seu plano, o Superman descobre que o Parasita foi liberado e segue algumas pistas que o levam à embaixada da Latvéria em Metrópolis. Após um breve confronto com Destino, o Homem de Aço parte sem conseguir provar que o vilão era o responsável. Para ficar mais perto dos fatos, Clark Kent tira uma licença do Planeta Diário e começa a trabalhar no Clarim. Em contrapartida, Peter Parker vende as fotos do confronto do Superman contra o Hulk para o Perry White e, admirado pelo alto preço pago pelo material, decide ficar e trabalhar no Planeta.

Em breve luta com o Homem-Aranha, a Mulher-Maravilha é capturada.

Destino recaptura o Hulk e logo consegue derrotar também a Mulher-Maravilha com o intento de utilizar a força vital dos dois para fortalecer o Parasita. No entanto, o Homem-Aranha presencia a captura da Princesa Amazona e se junta ao Superman para enfrentar os dois vilões. Durante a batalha, os dois heróis também são derrotados, mas o Parasita percebe que Destino pretendia usá-lo e os dois se desentendem. Nesse meio tempo, o Aranha consegue libertar o Superman e o Parasita é derrotado. Só o Dr. Destino consegue fugir, fazendo uso de sua imunidade diplomática.

A contra-capa da edição descrevendo as atrações da revista.

Diferente do encontro do Batman com o Hulk, onde os personagens secundários foram citados apenas como referência, sem ter grande importância para a trama, neste encontro, o Hulk e a Mulher-Maravilha tiveram uma curta, porém importante parte na história (muito embora, no caso da Amazona, o roteiro não explique exatamente o que ela estava fazendo na base de Destino). O mais óbvio é que a utilização desses personagens tenha sido um chamariz de leitores, já que tanto o Hulk quanto a Mulher-Maravilha tinham séries sendo exibidas na TV na ocasião.

Superman, sempre inspirador. Já o Aranha…

Como dito no início, a história também teve um tom muito mais sério, com o Dr. Destino e o Parasita sendo ameaças realmente perigosas e quase capazes de derrotar os heróis. O roteiro também destacou as diferenças entre o Superman, imponente e confiante, capaz de inspirar respeito nas pessoas, e o Homem-Aranha, sempre inseguro e gerando desconfiança onde quer que vá, apesar dos atos altruísticos.

Segunda reedição da Abril, com capa diferente da original.

No Brasil, esta edição teve três publicações. A primeira foi em 1982, pela RGE – Rio Gráfica e Editora, no especial Super-Homem e Homem-Aranha. Em 1989, a Editora Abril republicou a história na edição especial Super-Homem e Homem-Aranha 2 (o número da edição foi dado considerando o primeiro encontro, lançado três anos antes). A Abril relançou este material em Grandes Encontros Marvel e DC 4 (1993), último número da coleção que republicava os crossovers existentes das duas editoras.

As biografias dos protagonistas, só na edição da RGE.

Como curiosidade, apenas a edição da RGE trazia a página de abertura com as origens resumidas dos dois heróis e na primeira edição da Abril, Steve Lombard foi chamado de Clive Howard, nome que foi corrigido na reedição. Na próxima postagem, vamos recordar o encontro das duas maiores equipes adolescentes da Marvel e DC: X-Men e Novos Titãs.

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