O mês de novembro foi bem importante para a Turma da Mônica. Neste mês, três revistas da turminha mais amada do Brasil atingiram marcas históricas, quebrando recordes de longevidade. Os títulos do Cascão e do Chico Bento atingiram a marca de 700 edições cada uma e a Turma da Mônica Jovem chegou ao centésimo número. Porém, há uma diferença: enquanto que a turma jovem tem sua numeração sequencial e ininterrupta, as revistas do Cascão e do Chico Bento calculam todas as edições já publicadas, em três editoras diferentes.
A revista do Cascão estreou em 1982, juntamente com o caipirinha Chico Bento, em edições quinzenais, publicadas pela Editora Abril. Na época, a propaganda das revistas já lembravam aos leitores: “numa semana sai o Cascão; na outra, sai o Chico Bento”. Depois de 114 números, toda Turma da Mônica migrou para a Editora Globo e, em janeiro de 1987, uma nova edição 1 foi lançada de ambas as revistas, mantendo-se a mesma periodicidade quinzenal. A partir de março de 2003 (edição 422), os títulos dobraram a quantidade de páginas e passaram a ser mensais até a edição 467, quando migrou para a Panini, onde permanece até hoje.
Na editora italiana, Cascão e Chico Bento reestrearam logo no mês seguinte (janeiro de 2007) e ganharam uma nova característica. Ao atingir a centésima edição (maio/2015), as revistas zeraram novamente e recomeçaram do número 1. Assim, a edição comemorativa é a de número 19, totalizando 700 edições. É a marca mais longeva já atingida por uma revista da Turma da Mônica desde a sua criação. Para comemorar, as edições 700 tiveram três capas diferentes cada uma (uma delas, exclusiva para a Comic Con XP, realizada no Centro de Exposições Imigrantes entre os dias 1 a 4 de dezembro). A partir deste mês, a numeração voltou ao normal e foi lançada a edição 20 de Cascão e Chico Bento.
Com a Turma da Mônica Jovem, a história é outra: o título já foi lançado pela Panini (em agosto de 2008) e, desde então, vem sendo publicado ininterruptamente. Por isso, a edição 100 foi histórica em duplo sentido: primeiro pela numeração e segundo porque a publicação quebrou vários tabus ao renovar o que, até então, vinha sendo imutável desde a década de 1970. Quando a revista foi lançada, Mauricio de Sousa foi bombardeado de críticas, dizendo que “mataram” a Turma da Mônica e a infância de muita gente, descaracterizaram os personagens – Mônica não dava mais coelhadas (ao menos, não com tanta frequência), Cebolinha falava certo, Magali fazia regime e Cascão tomava banho de vez em quando.
Para piorar, a revista era em preto e branco, no estilo mangá, que até fazia certo sucesso, mas não combinava com o “estilo Mônica”, com o qual os leitores estavam acostumados. Apesar de pouca gente botar fé na turma adolescente, o criador provou que todo mundo estava errado e os críticos tiveram que engolir suas palavras sem passar maionese. Em pouco tempo, a Turma Jovem explodiu e se tornou o título mais vendido do Brasil, chegando a superar a marca de 400 mil exemplares/mês.
A edição “comemorativa”, no entanto, não teve nada de especial, ao contrário do que se esperava. Diferente da edição 50, que apresentou o casamento da Mônica, esta edição apresentou uma história genérica que teve até a intenção de ser festiva, mas não passou da vontade. A única novidade foi uma capa variante exclusiva para a Comic Con XP que trazia a mesma arte da capa oficial, mas sem as cores. Seguindo a atual estratégia de Mauricio de Sousa, sempre que as revistas chegarem à edição 100, elas recomeçam sua numeração, a fim de atrair novos leitores – já são oito anos desde o primeiro lançamento e uma criança que nasceu naquela época já está quase entrando na adolescência – e a edição de dezembro da TMJ também passará por esse processo.
Embora já tenham mais de 50 anos de estrada, a Turma da Mônica – bem como seu criador – demonstra um fôlego incansável e ainda promete divertir muitas gerações, seja na versão infantil, adolescente, adulta (é uma promessa de Mauricio e, pelo que tudo indica, já está quase se concretizando) ou Toy – os simpáticos bonequinhos virtuais que, semanalmente, aparecem no You Tube. Enquanto o Cebolinha vive se estrepando com seus planos infalíveis para derrotar a Mônica e se tornar “dono da lua“, Mauricio conquistou o mundo e o coração das crianças de 1 a 100 anos.
Só acho um desrespeito com os fãs antigos zerar a numeração e não manter em nenhum lugar a numeração antiga. Desestimula colecionar…